No Domingo, a maioria dos portugueses e portuguesas com mais de 18 anos, escolheram ser governados por entidades exteriores e dar a maioria a uma coligação PSD/CDS.
Em democracia é assim, quem tem a maioria dos votos, governa. Não concordo com a escolha dos meus compatriotas, mas aceito-a democraticamente.
No entanto, tenho alguns considerandos a fazer.
Em conversa com alguns colegas de trabalho, fiquei deveras surpreendido por eles terem votado PSD. Passam a vida a dizer que cada vez pagam mais pelos medicamentos, que já estão cansados de trabalhar e não vêm a hora da reforma, que os filhos não conseguem estar muito tempo num emprego (porque os patrões não querem fazer contratos sem termo) e depois vão votar num partido que afirmou que tem de haver uma maior flexibilização laboral, que as rescisões dos contratos têm de ser mais simples e menos onerosas para o patronato. Que a idade da reforma tem de aumentar 2 ou 3 anos. Que a comparticipação do estado na saúde tem de baixar.
Também fiquei surpreso com a votação na Marinha Grande, num concelho em que cada vez se trabalha mais por menos dinheiro, situação imposta pelos patrões, e onde há uma grande fatia dos trabalhadores que são temporários, o PSD ficou em segundo lugar.
Teria sempre de haver sacrifícios para quase todos nós, fruto da desgovernação dos últimos anos. Mas uma situação é haver uma implementação de medidas com uma oposição forte e que consiga travar, ou suavizar, algumas. Outra, a existente, é o país ser entregue a partidos que defendem a liberalização da economia e a privatização de áreas onde o estado é o garante de uma maior equidade nos serviços prestados.
Estou muito pessimista quanto ao futuro imediato da classe média, onde me incluo, mas a única opção que tenho é seguir em frente e procurar formas de ultrapassar a situação, por mim e pela minha família.
Ninguém se vai preocupar comigo, se consigo pagar a casa, os estudos da minha filha ou os nossos medicamentos. Por isso, a partir de agora é cada um por si.
Não atropelo ninguém mas não vou permitir que me atropelem a mim e aos meus.
Amigos amigos, mas cada um que zele pelos seus.
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